A convivência com os outros é sempre um
desafio, pois quando nos relacionamos com alguém, há um envolvimento com suas virtudes
e suas fragilidades. Não nos relacionamos com uma parte, mas com a totalidade
que os outros são. Conviver com virtudes das pessoas é fácil, o desafio é lidar
com suas fraquezas sem que isto cause dispersão e afastamento. Não é possível
viver bem com alguém ficando o tempo todo contabilizando seus defeitos, mas
também não podemos nos iludir e fingir não enxergá-los nos tornando vulneráveis
às possíveis maldades. É preciso aprender como transformar defeitos em aspectos
positivos, mudar os erros sem romper a atmosfera de paz.
Todos tem vontade de corrigir alguém, e
esta é uma tendência que precisamos trabalhar dentro de nós. É preciso
superá-la racionalizando sobre tal tendência. Pergunte a si mesmo: “Por que
quero corrigir fulano? Ele está me atrapalhando? Será que é o defeito dele que
está me perturbando ou algo dentro de mim que não me deixa em paz? Isto que me
incomoda é realmente algo que ele precisa mudar?” Caso a resposta seja positiva
então é preciso construir com o outro uma consciência da mudança, caso seja
negativa é preciso me adequar para a convivência possível.
Os defeitos
dos outros se tornam desagradáveis quando descobertos porque também fazem
ressoar os nossos. Porém, para conviver bem é necessário alertas as pessoas
para seus enganos, e para aquilo que, nelas e através delas, estão causando
perturbação, afim de que elas tenham a oportunidade de harmonizar o seu
ambiente. Isso deve ser feito de forma tranqüila e no momento certo. As pessoas
geralmente erram não porque são más, mas porque são fracas. Muitas são tão
fragilizadas que não agüentam uma só palavra de correção. Outras aceitam
correção imediatamente. Algumas precisam ser “massageadas emocionalmente” para tirar a “torção” do seu estado
emocional.
O trabalho costuma ser um campo de grandes
tensões devido à convivência necessária e às vezes forçada, uma convivência
profissional que nos cobra uma grande preço: a perda de nossa paz. Mas é
preciso pensar que perdemos a paz muitas vezes pela forma como trabalhamos ou
convivemos no trabalho. É totalmente viável trabalhar com maior
responsabilidade e menos preocupação, não precisamos ser fonte e nem devemos
nos tornar vítima do stress dos outros.
Muitas vezes, devido a busca do progresso
e do sucesso pessoal, o campo do trabalho se torna um local de competições que
geram conflitos desnecessários. É perfeitamente natural querer progredir, mas
para isto não precisamos entrar em jogos de perseguição, de ciúmes, de
traições, de fofocas, de arrogância ou de desvalorização dos outros. Se nos
dedicarmos à eficiência, à pontualidade e a um comportamento digno e coerente
com nossa perspectiva interna de vivermos dignamente e nos contruirmos como
pessoas integradas, independente do que os outros são, já saímos na frente sem
entrar na briga pelo poder. O comportamento humilde sempre vence a arrogância.
A paciência sempre vence a irritação. A autoconfiança sempre vence o medo do
fracasso. Disciplina e entusiasmo sempre superam a falsa expectativa. A
comunicação clara e objetiva sempre evita confusões. O respeito verdadeiro por
aquilo que as pessoas realmente são evita a necessidade de entrar em falsas
bajulações.
Outro campo de convivência que se torna,
muitas vezes, local de dissessões é o Lar. Este é também o primeiro lugar onde
surgem os efeitos concretos quando decidimos dar um novo rumo à nossa vida
assumindo novas propostas e novas atitudes. O lar deve ser encarado como um
primeiro campo de serviço espiritual, um lugar onde a convivência ajudaria as
pessoas a se elevarem e melhorarem. Porém, às vezes, parece mais com um campo
de batalha. Uma porcentagem muito grande de homicídios acontece dentro das
famílias. E se não são assassinatos de fato, pelo menos as espadas e os
revólveres verbais são utilizados com grande freqüência. Contudo, alguém que
consegue harmonizar os seus relacionamentos familiares passa a ter uma grande
força para qualquer atividade que pretenda fazer. Retira do ambiente do lar a
energia suficiente para vencer em outros ambientes.
Mas, seja no trabalho ou no lar, um
elemento que ajuda a amenizar as relações é saber deixar espaço para o outro.
Muitas vezes o espaço é limitado, mesmo em termos físicos, e os membros da
família são os mesmos com quem tenho que lidar todos os dias, o que torna a
convivência muito intensa. A comunicação aberta sobre todos os aspectos da
convivência deve ser a regra de ordem. Embora alguns possam ter mais responsabilidade que outros na
organização familiar, como residentes da mesma casa há aspectos de igual
importância para todos. E esses aspectos precisam ser comunicados – mudanças,
compras importantes, sucessos, visitantes. É importante perceber que se
preserva o espaço da convivência não somente para suprir a própria necessidade,
mas também para atender as necessidades dos demais.
Padre
Moacir Silva Arantes
1-
Como
anda meu convivio nos ambientes que frequento?
Este
texto é para ser lido e debatido em grupo em uma reunião do mês ou em duas se
necessário. Peço que discutam dentro das perguntas que seguem, depois envie ao
GED um resumo do que foi esta reunião dirigida por este tema de estudo, através do email gedivinopolis@ig.com.br