terça-feira, 25 de maio de 2010

E você, também é filho da Igreja?

No ano de 2007, recebi um grande presente de Deus. Tive a oportunidade de ir ao encontro com o Papa Bento XVI em São Paulo, na ocasião de sua visita ao Brasil. Foram cinco dias de muitas alegrias, aprendizado e comunhão com o líder de nossa Igreja e muitos jovens de nossa diocese e de todo o país. Porém, apesar de ter presenciado tantas maravilhas naqueles dias, como as palavras do papa, sua bencão, os momentos de espiritualidade e as novas amizades, houve um momento que me marcou profundamente. A caminho de São Paulo, para o encontro no Pacaembu, muitos jovens dentro do ônibus cantavam, louvavam a Deus e se divertiam. Eu, porém, estava retraído, era o único de Pará de Minas e ainda não conhecia ninguém. Em determinado momento, a música parou e um dos jovens se voltando para mim perguntou em alto e bom tom: "E você aí, também é filho da Igreja?” Naquela hora eu disse, meio de estalo:“Sim!”E eles continuaram cantando normalmente. Aquela pergunta ressoou eu minha alma por muito tempo, algo simples, mesmo em meio a tantos eventos grandiosos produziu frutos em mim. O próprio Cristo me indagava neste dia e me chamava: “Vem e segue-me”. Ele age nas coisas simples, de maneira sutil sussurra Seu amor aos nossos ouvidos, basta calar o coracão e se entregar.

Acredito que o momento que a Igreja atravessa atualmente, no Brasil e em todo o mundo, é propício para discutirmos algo intrínseco à realidade de qualquer cristão católico: “Somos mesmo, filhos da Igreja”? Em momentos de alegria e júbilo da Igreja, como, por exemplo a visita do papa, é fácil se declarar católico. Quando a grandeza do Senhor se revela nas belas celebracões, nos grandes feitos e momentos da Igreja se torna simples ser católico. Mas, e durante as tribulacões? Como nos portamos? Como, diante de tantas denúncias de abusos sexuais e pedofilia dentro da própria Igreja, nos posicionamos? Certa vez, ouvi um padre dizer que a Igreja não é self-service. É verdade, não podemos escolher alguns alimentos, em detrimento dos que não agradam tanto o paladar, como em um restaurante. Quando abracamos a proposta missionária do Cristo abracamos sim as suas bencãos, sua missão e sua verdade, mas também abracamos as perseguicões e limitacões de sua Igreja. Somos seus filhos na glória e na dor!

Casos tão delicados não são exclusividade da Igreja. Em todos os setores da sociedade ocorrem crimes de abusos sexuais contra menores. Em escolas, clínicas, igrejas, mas principalmente no silêncio da vida familiar. Nossa luta não é contra a Igreja, nossa luta é contra pedófilos. E esse momento de conscientizacão é importante. Mas, faz sentido falar em conscientizacão contra a pedofilia? Sim. Apesar de essa acão ser absolutamente repugnante, muitos desses casos ainda são encobertos pela omissão dos abusados ou de pessoas intimidadas pelos criminosos. Uma campanha como essa tem como foco incutir na mente das pessoas que a denúncia é a decisão certa.

Como filhos da Igreja, queremos a justica, seja dentro ou fora da Igreja. Porém, toda polêmica que envolva o “mundo eclesial” toma proporcões maiores e às vezes distorcidas. Evidentemente isso não justifica em qualquer momento esses crimes, pelo contrário, acentua a vontade de extirpar esse mal, por parte dos “verdadeiros filhos da Igreja” que clamam sem cessar em cada Pai-nosso: “Livrai-nos do mal”.

Oremos.

Oremos pela nossa Igreja e de forma especial pelos sacerdotes. A santidade de nossos pastores também depende das oracoes da comunidade, então assumamos nossa filiacão de forma consciente e decisiva, a fim de respondermos: “Sim, sou filho da Igreja, na glória e na dor”.


Luiz Gustavo
Pará de Minas

2 comentários:

  1. "Sim, sou filho da Igreja, na glória e na dor."
    Como é triste perceber como tantas vezes falta fé, falta amor no coração das pessoas. Ser filho de Deus é abraçar a cruz. Assim como Jesus foi perseguido, humilhado e acusado, quando a Igreja passa por momentos difíceis devemos seguir firmes na fé e com passos seguros a exemplo de Jesus.

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  2. Sim, filha da igreja!!!
    E como filha, parte de uma família, é preciso estar junto na dor e na felicidade... Deus abençoe a todos!

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