segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mistério Pascal de Cristo na Quaresma

Mistério Pascal de Cristo na Quaresma

Ao comentar o salmo 148, Santo Agostinho nos fala do mistério pascal de Cristo celebrado pela Igreja, em dois momentos pedagógicos. O primeiro é aquele que antecede a Páscoa e que denominamos de Quaresma e Semana Santa; e o segundo, refere-se ao mistério pascal da ressurreição e glorificação ao Senhor.
Neste artigo me deterei ao primeiro momento deste mistério, buscando mostrar aspectos importantes, porém, esquecidos para muitos neste tempo quaresmal. E, no próximo, abordarei o segundo momento do mistério Pascal, no tempo da ressurreição.
Tudo que celebramos na Igreja está inserido no mistério Pascal, principalmente a quaresma. Num primeiro momento somos chamados a perceber um Cristo Senhor que enfrentou tribulações, tentações, traições e por fim, a morte, dando-nos uma grande lição com sua obediência ao Pai até as ultimas conseqüências - a crucificação.
Em 2008, a liturgia corresponde ao ano A. Por isso, esta quaresma enfoca especialmente o caráter batismal e durante suas cinco semanas buscará levar todo cristão a refletir aspectos fundamentais do seu batismo. Serão quarenta dias convergindo ao apelo de uma profunda e constante conversão pessoal, comunitária e social.
Nos últimos anos tem–se procurado resgatar na Igreja essa espiritualidade quaresmal tão importante ao cristão que deseja ser verdadeiro discípulo de Cristo.
Tudo na quaresma está estabelecido para favorecer a conversão. Porém, não entendamos conversão como mero fruto de nossa capacidade de autocrítica ou de um sincero exame de consciência, mas como dom de Deus que vem a nós por Cristo Jesus. 
Nesse sentido, todo esforço de viver intensamente a quaresma - ou seja, as obras da penitência (jejum, oração e caridade) - é para aperfeiçoar a santidade já recebida no batismo. A quaresma é um tempo muito forte para todos nós, para purificação e iluminação. Tudo favorece a isso.
Sinais e liturgias
Observe os sinais externos que a própria Igreja nos dá. Analise a abertura da quaresma que é feita na quarta – feira com cinzas, quando elas são colocadas na nossa cabeça lembrando o próprio Cristo, que nos pede “Convertei–vos e crede no Evangelho”. 
Atente para a cor roxa com a qual os sacerdotes se vestem e são revestidos alguns altares, também despojados nesse período, de flores e ornamentações, demonstrando a sobriedade que o tempo exige. 
Perceba o silêncio dos Aleluias e Glórias não entoados nas nossas assembléias litúrgicas, a espera de explodirem com o Cristo, que vencerá a morte, na madrugada da ressurreição.
Escute atentamente a liturgia da palavra que, nos cinco domingos da quaresma, propicia um mergulho profundo nas águas do batismo, que brotam do cordeiro imolado. Você já se deu conta que sempre no primeiro domingo da quaresma, a liturgia versa sobre a tentação de Jesus no deserto, como exemplo para superarmos nossos próprios demônios? 
Anualmente, o segundo domingo da quaresma relata a transfiguração como uma meta para todos nós, enquanto que, os demais são específicos para cada ano.

Exercícios penitenciais
Reze a Via Sacra como exercício penitencial, colocando nossos pés nas pegadas de nosso Senhor, que foi obediente ao Pai até o fim.
Exalte a cruz através da qual Cristo redimiu e salvou toda a humanidade.
Intensifique as obras da penitência quaresmal: o jejum, a oração e a caridade. 
Tudo está na liturgia para nos levar a conversão pessoal e social. No aspecto social, a Igreja sempre apresenta um tema referencial para reflexão, oração e mudança no agir. Neste ano, toma a defesa da vida como desafio e meta. E, busca com isso mostrar a paixão do servo sofredor nas faces dos irmãos, do feto ao idoso, ameaçados, flagelados e sucumbidos pela cultura da morte. Sim! A Igreja brasileira se une para dar um “Grito à Vida”.
Celebre com intensidade e profundidade o mistério pascal no tempo da quaresma! 

“Com Cristo quero viver, com Cristo quero sofrer para com Cristo Ressuscitar”.
 
 
 
Padre Reginaldo Manzotti

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